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USP pretende lançar graduação em Engenharia da Complexidade

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Formar engenheiros capazes de lidar com problemas complexos e enfrentar os principais desafios da Engenharia neste século, interligando saberes técnicos, sociais, humanos, econômicos e ambientais. Com este propósito, um projeto para a criação do curso de Engenharia da Complexidade está em aprovação na Universidade de São Paulo (USP).

De acordo com os professores Laerte Idal Sznelwar, coordenador do grupo que elaborou o projeto, e José Roberto Castilho Piqueira, diretor da Escola Politécnica da USP, se aprovado, o curso será ofertado no campus de Santos (SP) e terá, inicialmente, 50 vagas anuais disponíveis. A expectativa é que o projeto saia do papel já no próximo ano.

“Gostaríamos que a primeira turma tivesse início em 2019, mas ainda não temos certeza, uma vez que ainda há um processo de aprovação em curso na USP. O projeto já foi aprovado na Escola Politécnica. Para iniciar, pensamos em 50 vagas, que poderão ser mais conforme os recursos e o sucesso do próprio curso”, adiantam os docentes. Eles também esclarecem que, a princípio, a ideia é oferecer a graduação apenas em Santos, mas que “a decisão final depende das instâncias da USP e da própria conjuntura econômica e política do país”.

O projeto foi elaborado com a participação de professores do Groupe des Écoles Centrales (GEC), da França, e de docentes da Poli-USP. A iniciativa resulta de uma parceria iniciada há quase duas décadas, sobretudo a partir dos programas de intercâmbio e de dupla diplomação.

“Ao longo do tempo, organizamos conjuntamente uma série de debates sobre o tema, incluindo a organização do evento Ingenio XXI, de onde surgiram as primeiras ideias para se começar um programa comum baseado nos conceitos e numa abordagem da Complexidade voltada para a Engenharia”, relatam Sznelwar e Piqueira.

Saberes interligados

O objetivo principal do curso, conforme pontuam os docentes, é mudar os paradigmas ligados ao processo de aprendizagem da profissão do engenheiro.

“Não se pode mais pensar em um engenheiro que se restrinja a propor soluções, que não considere questões outras que também são fundamentais para o desenvolvimento das pessoas e da sociedade. A busca de integrar outros fatores, como os aspectos humanos da produção e do trabalho; as questões ambientais; a perspectiva econômica, considerando-se os aspectos financeiros e as questões relativas às externalidades contendo aleatoriedades; e outros que se tornarem fundamentais”, defendem Sznelwar e Piqueira.

Frente a essa necessidade de formar esse novo tipo de engenheiro, o grande desafio é integrar as disciplinas em uma abordagem que esteja centrada em projetos. Isto porque o futuro Engenheiro da Complexidade terá o desafio de saber integrar diferentes questões e dialogar com diferentes áreas de conhecimento.

“Não se pode conceber uma Engenharia que não esteja, também, imersa em questões que advêm das Ciências Sociais, Humanas e Biológicas. Isto não significa que ele saberá tudo, esta seria uma visão infundada”, comentam os professores da USP.

Como salientam Sznelwar e Piqueira, por meio da integração de disciplinas como a Matemática e a Física, com a Psicologia, a Filosofia e o Direito, a Biologia, as Ciências do Trabalho e da Produção, será possível, de fato, construir uma abordagem baseada em diferentes disciplinas, mas incluída em uma perspectiva da Engenharia, a de compreender os problemas humanos e sociais e construir caminhos de solução.

A intenção é capacitar os futuros engenheiros para integrar saberes e construir soluções que incluam aspectos que não são considerados em uma capacitação mais específica e especializada.

“Na proposta do nosso curso, haverá, de início, três possibilidades de projeto final: uma sobre cidades, outra sobre serviços e outra sobre energia e recursos do mar. Isto porque são questões suficientemente amplas e desafiadoras, que exigem abordagens que não sejam simplificadoras. Um engenheiro capaz de enfrentar essas questões, em conjunto com outros profissionais, poderá contribuir de modo significativo para o desenvolvimento deste país”, acreditam os docentes da Poli-USP.

Contribuição para o Brasil

A capacitação desse futuro engenheiro é estratégica para o Brasil, na percepção de Sznelwar e Piqueira, pois há uma demanda por este tipo de profissional, ainda que ela não seja muito explícita. Isto porque ainda não foi proposto para as empresas e instituições públicas e privadas um profissional que tenha a capacidade de enxergar os problemas de modo integrado, que considere questões da incerteza, da emergência de fenômenos e, sobretudo, seja capaz de dialogar com distintas áreas do conhecimento.

“O desenvolvimento do país requer este tipo de profissional, até porque não se pode mais conceber qualquer sistema de produção industrial, agrícola e de serviços que se restrinja às questões que lhe são colocadas”, analisam.

Conforme problematizam ambos os docentes da Poli-USP, hoje, os engenheiros são confrontados com questões e problemas mal formulados, decorrentes de pontos de vista limitados, marcados pelo desconhecido e pelo incerto. Por isso, quem trabalha com Engenharia e com outras áreas do conhecimento sofre com a falta de uma perspectiva mais abrangente.

“A proposta do curso é contribuir para o desenvolvimento da Engenharia e, consequentemente, da sociedade, a partir da perspectiva da Complexidade. Isto não significa que haverá uma substituição das áreas de especialidade ora existentes, elas são fundamentais. Isto porque não se pode conceber a Engenharia sem que se projete partes dos sistemas, a partir de conhecimentos aprofundados sobre materiais, processos, informação, equipamentos, outros insumos como a energia; produção e trabalho. O engenheiro da Complexidade terá uma contribuição para somar a tudo que se faz, ou melhor, multiplicar o potencial de atuação da Engenharia”, finalizam Sznelwar e Piqueira.

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